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Nosso valor para Deus: uma lição de misericórdia

"Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando se aproximou da casa, ouviu a música e a dança. Então chamou um dos servos e perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, porque o recebeu de volta são e salvo’. "O filho mais velho encheu-se de ira, e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele. Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele! ’ "Disse o pai: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo o que tenho é seu. Mas nós tínhamos que comemorar e alegrar-nos, porque este seu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado". (Lucas 15:25-32)

A crescente popularidade de Jesus entre “coletores de impostos” e “pecadores”, que eram rejeitados pelos membros da sociedade, começou a alarmar os fundamentos religiosos dos fariseus e escribas, e Lucas reporta como eles (pelas costas) acusavam e criticavam Jesus. Lucas, em outra passagem ( Lc 19:1-10) conta como Zaqueu, um dos principais coletores de impostos de Jericó, ficou emocionado e se converteu ao ouvir Jesus dizendo que iria passar o dia com ele.

Nesta outra ocasião, Lucas mostra como Jesus responde às criticas contando parábolas: três para ser exato, e em cada uma delas ilustrando a simples alegria de recuperar algo de valor que havia se perdido. A primeira conta de um pastor que perdeu uma ovelha e deixou as outras noventa e nove para procurar aquela que estava perdida. Quando ele encontra a ovelha coloca em seus ombros e a leva de volta para casa, convidando os amigos a se alegrarem com ele. A mensagem de Jesus é que há mais alegria no Céu com o resgate de um pecador perdido do que noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.

A segunda parábola conta da alegria em recuperar algo perdido. Nela, uma mulher passa por uma crise em casa pois perdeu uma valiosa moeda; após procurá-la em todo canto a encontra (15:8), e convida seus amigos e vizinhos para celebrar com ela. No triunfo da mulher, Jesus comenta: “da mesma forma, há alegria na presença dos anjos de Deus quando um pecador se arrepende (Lc 15:9-10).

A terceira parábola, conta do “filho pródigo”, que após pegar a sua parte da herança, acaba gastando de maneira irresponsável, quando a fome chegou àquela região, sua fortuna se esgotou, e ele se viu forçado à trabalhar para um gentil, na profissão mais degradante para um judeu, alimentar os porcos. Ao cair em si, o filho pródigo percebe que os empregados de seu pai viviam em melhores condições e decide voltar para casa, não como um filho, mas como um empregado. Ao chegar em casa, o filho é recebido pelo pai com amor. O pai festeja o regresso do filho.


Rembrandt, Prodigal Son

O Irmão mais velho


Este, no entanto, não é o fim da parábola. O irmão mais velho, que até então estava de canto aparece na ação. Ele estava no campo, trabalhando duro por seu pai como de costume, e com sua volta para casa ouve toda a comoção e alegria. Quando ele pergunta à um escravo o que estava acontecendo, foi respondido que o pai mandou matar o novilho gordo e convidou a todos para celebrar. A raiva do irmão mais velho parece aumentar. Depois de acabar com sua parte da herança em uma vida desregrada, e voltar para casa sem um tostão no bolso, o irmão mais novo ainda é celebrado pela família?

Quando o pai se aproxima para pedir que o filho mais velho se junte à celebração, todo o ressentimento explode. Ele afirma que gastou todas as suas energias trabalhando para o pai, que havia feito tudo que o pai ordenou, e para ele nunca foi dado nenhum cabrito para celebrar. Agora, ele acrescenta: “Mas quando volta para casa esse seu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele!” Em frente a tanto ressentimento e recriminação, o pai tenta explicar para o filho mais velho que eles sempre estiveram juntos, e que o filho compartilha tudo que o pai possuí: “Mas”, responde o pai “nós tínhamos que comemorar e alegrar-nos, porque este seu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi achado” (15:31-32).

O irmão mais velho obedecia o pai, mas sua motivação estava errada, ao invés de ter amor em servir, ele sentia-se como um escravo de seu próprio pai. Por estar sempre perto do pai, se julgava mais “digno” de receber as bênçãos. Assim, ele agia pela justiça dos homens, e por trabalhar mais era mais merecedor. Mas, a Justiça de Deus não passa pelo nosso merecimento. Tudo nos foi dado por graça Dele. O irmão mais velho, não se alegra com a volta do irmão mais novo, mas repreende. Spurgeon afirma que aquele que não se alegra com o salvamento de um irmão, certamente não está salvo.

O irmão mais velho, ao conversar com o pai chama o “filho pródigo” de “seu filho”, o pai corrige e apela dizendo: “seu irmão”. Por um instante, o filho mais velho havia esquecido que aquele que regressou era seu irmão, o ciúme tomou conta dele. O filho mais velho, apesar de estar na casa do Pai, sentia-se solitário. Da mesma forma muito dos irmãos que hoje estão na Igreja não se sentem seguros para abrir seus corações e compartilhar com os outros, e desta forma, tornarem-se parte verdadeira do corpo.

Isto significa que Deus ama mais os pecadores do que os justos, obedientes e tementes a Deus? O mesmo Pai que sai para abraçar o filho que retorna, também abraça o filho mais velho, que está ressentido e enciumado, mostrando que seu amor se estende aos dois da mesma forma. Algumas vezes, porém, os efeitos do amor de Deus na vida dos indivíduos é mais espetacular que na vida de outros, foi por exemplo o caso de Paulo e de Maria Madalena, mas isso de nenhuma forma implica que o amor de Deus é maior em uns do que em outros, apesar de ser mais evidente e mais dramático em alguns casos. Na “parábola da ovelha perdida” (Lc 15:3-6), o fato do pastor abandonar as ovelhas para buscar uma outra pode parecer um comportamento imprudente, mas o ponto da comparação proposta por Jesus é que o amor de Deus é tão grande que mostra as medidas que Ele toma para nos salvar. Deus está pronto para tratar conosco individualmente. Nos buscar onde for necessário, para nos salvar, demonstrando seu amor incondicional. Da mesma forma, nós como Igreja, não devemos nos ater aos erros de nossos irmãos, mas nos alegrarmos com a salvação uns dos outros e sermos suportes para restauração. Assim, devemos nos apropriar, e mais do que isso, devemos amar as coisas do Nosso Pai, sabendo que tudo que Jesus conquistou na cruz é nosso direito como filhos.


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